“A Santíssima Trindade é a melhor comunidade” (CEBs Brasil)
“Eu sou o Pai que cria,
O Filho que se une a todo o criado,
O Espírito que dignifica tudo.
O Misericordioso que espera o filho extraviado
O Manso que carrega o jugo pesado
Vosso Consolo, quando desesperais.
Sou o Semeador que espalha a semente
Sou o Grão que morre sepultado
Sou o Alento de Vida que tudo renova.
EU SOU TRINITÁRIO:
um Deus COMUNIDADE
um Deus PARTICIPAÇÃO
um Deus INTERRELAÇÃO
no SEIO do qual cabe TUDO”.
Afirma-se
que o dogma da Trindade é o mais importante de nossa fé católica, pois
estamos diante do maior Mistério que os olhos não viram, os ouvidos não
escutaram, nem a mente consegue compreender... Nada do que podemos
definir, pensar ou dizer sobre a Trindade é adequado a seu Ser mais
íntimo.
A Trindade não é uma simples verdade para crer, mas a base de nossa experiência cristã.
O dogma trini-tário quer expressar o mistério da Vida mesma de Deus que
nos é comunicada.O mais urgente neste momento para o cristianismo, não é
explicar melhor o dogma da Trindade, e menos ainda, uma nova doutrina
sobre Deus Trino. Seria, em definitiva, a busca de um encontro vivo com
Deus. Não se trata de demonstrar a existência da luz, mas de abrir os
olhos para ver.
Tudo o que “sabemos” da Trindade pode ser um estorvo para viver sua presença vivificadora em nós. Calar
sobre Deus, é sempre mais exato que falar. Dizem os orientais: “Se tua
palavra não é melhor que o silêncio, cala-te”. O decisivo é viver o
Mistério da Trindade a partir da adoração e da partilha fraterna.
Grandes teólogos fizeram profundos estudos sobre a Trindade, tratando de
pensar conceitualmente o mistério de Deus. No entanto, eles mesmos
dizem que, para “saber” de Deus, o importante não é “refletir” muito,
mas “saber” algo do Amor.
O
mistério de Deus Uno e Trino é fruto da experiência de revelação
progressiva na história da Salvação. “Deus é UM, mas não está jamais
só”. Deus não é um ser isolado, distante da Criação, solitário. É um
Deus comunitário, família, sociedade, fraternidade, etc... Por isso, o
cume de toda a revelação bíblica é esta: “Deus é Amor”, ou seja, Deus
não é uma realidade fria e impessoal, um ser triste, solitário e
narcisista. E o Amor nunca é solidão, isolamento, mas comunhão,
proximidade, diálogo, aliança...
O Deus
revelado por Jesus é Amor e aproximar-nos do Deus Amor é descobrir a
Trindade. Em Deus o Amor não é uma qualidade como em nós, mas sua
essência. Se Deus deixasse de amar um só instante, deixaria de ser Deus.
O movimento que parte do Pai, passa pelo Filho e se consuma no Espírito
é um movimento de Amor sem fim.
O dogma da Trindade, portanto, nos liberta do Deus Poder e nos lança nos braços do Deus Amor. O Deus “todo-poderoso” é o contrário do Deus Trino.
Deus é Amor e só amor. Não podemos imaginá-lo como poder impetrável,
fechado em si mesmo. Em seu ser mais íntimo, Deus é vida compartilhada,
diálogo, entrega mútua, abraço, comunhão de pessoas. O amor trinitário
de Deus é amor que se expande e se faz presente em todas as criaturas.
Esta é a essência do Evangelho. A melhor notícia que um ser humano podia receber é que Deus não o afasta de seu Amor. A Trindade nos ensina que só vivemos, se com-vivemos. Nossa vida deve ser um espelho que em todo momento reflete o mistério da Trindade.
Somente na medida em que formos capazes de amor, poderemos conhecer o Deus Comunidade.
“Só corações solidários adoram um Deus Trinitário”.
Como
homem e como mulher trazemos esta força interior que nos faz “sair de
nós mesmos” e criar laços, construir fraternidade, fortalecer a
comunhão. Fomos feitos para o encontro e a comunicação.
- o ser humano não é feito para viver só; ele é chamado a viver em comunhão com todas as pessoas;
- ele necessita com-viver, viver-com-os-outros;
- é essencial descobrir o sentido e a vivência da relação com os outros, da fraternidade...
- o sentido da vida em comum é um dom de Deus, que nos foi dado a todos.
Deus nos fez amor para o mútuo encontro, para a doação, para a comunhão...
Fomos criados “à imagem e semelhança” do Deus Trindade, comunhão de
Pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo). Quanto mais unidos somos, por causa
do amor que circula entre nós, mais nos parecemos com o Deus Trindade.
“Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu Amor em
nós é perfeito” (1Jo. 4,12)
Deus
colocou em nossos corações impulsos naturais que nos levam em direção ao
convívio, à cooperação, à acolhida, à solidariedade... A fraternidade, a
vida em comum se mede pelo amor, por atos e gestos de doação, por
vivências de comunhão, por experiências de partilha do mesmo ser, da
mesma vida, da entrega mútua gratuita...
O amor é
olhar o outro com olhos tão limpos, bondosos, desinteressados, tão
profundos... que só desejo que o outro seja o que é... Alegro-me de
vê-lo assim, tal como é...
Aquí
está a grandeza do ser humano, criado à imagem e semelhança do Deus
Trindade. E é fácil intuir isso: sempre que sentimos o dinamismo de amar
e ser amados, sempre que sabemos acolher e buscamos ser acolhidos,
quando compartilhamos uma amizade que nos faz crescer, quando sabemos
dar e receber vida..., estamos saboreando o “amor trinitário” de Deus. Esse amor que brota em nós tem n’Ele sua fonte.
Por
isso, quem vive o amor a partir da Trindade, aprende a amar a quem não
lhe pode corresponder, sabe doar sem esperar recompensa, é capaz de
compadecer-se dos mais pobres e excluídos, pode entregar sua vida para
construir um mundo mais amável e digno de Deus.
Nesse
sentido, o melhor caminho para aproximar-nos do mistério do Deus
Trindade não são os tratados teológicos que falam dele, mas as
experiências amorosas que compartilhamos na vida. Só encontramos Deus
com o coração.
Quem é
incapaz de dar e receber amor, quem não sabe compartilhar nem dialogar,
quem só escuta a si mesmo, quem resiste relacionar-se com os outros,
quem só busca seu próprio interesse, quem só deseja o poder, a
competição e o triunfo, não pode experimentar nada da Trindade amorosa.
Textos bíblicos: Rom. 8,14-17 Mt. 28,16-20
Na oração:
Deus é amor, mas esse amor não corresponde à nossa idéia do amor.
Deus é o que ama, o amado, e o amor. Os três ao mesmo tempo.
Incompreensível para nós, porque em nós são realidades diferentes.
Em nós sempre haverá um sujeito que ama, um objeto amado e o amor mesmo.
A criação é a mais pura manifestação desse Deus.
Em toda criatura fica refletida Sua maneira de ser.
Em todo ser criado está o amante, o amado e o amor.
O ser humano tem a capacidade de entrar conscientemente nessa dinâmica. (Marcos Rodrigues)
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Centro de Espiritualidade Inaciana
01.06.2012
Fonte: Catequese Hoje
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